Eram duas mulheres em dois quartos dois choros, querer dizer um choro outro tão abafado que nem se percebe mas chora a mãe chora e ainda hesitou em chamá-la pelo nome mas a mãe que seja, mães há muitas ainda que digam mais que as mães, choro abafado portanto na cama lá debaixo dos lençóis daquele lado que já lhe conhece as covas do corpo porque manias e o lado é sempre o mesmo desse lado num sono acordado e porque chora quando tudo passa ensina mas amanhã passado tem a certeza mas uma cova a mais lá no coração pesado num choro abafado que
mártir
uma mãe não chora que crias famintas para alimentar e sim crias que são mais que as mães ainda que barriga só uma e pouco que custou quilos quase nenhuns e azia só para o final mas barriga só uma que lá em Calcutá também há narcisos, menos relevantes agora que o choro abafado ainda que
mártir
tente não consegue mais que isso é o hábito tal como o lado da cama que já lhe conhece as covas porque manias quando afinal personagens num palco sem pano ou então só pessoas a tentarem sê-lo e uma mãe não chora por mais coração pesado coisas mais importantes que as crias estão famintas quando só uma barriga mas tantas a quem ser mãe, seja lá como for quase se esquece que já noite e o choro abafado não se pode ai desculpem não se sabe cantar e cai o cansaço e amanhã tem a certeza que já passou ainda que mártir
ainda que mãe
se soubesse o que lá vai dentro um choro cantado bem alto um drama no palco um choro ao espelho sabe, a ver as lágrimas a cair os lábios a inchar e no meio da tristeza que não se sabe de onde vem e para onde vai que afinal personagens num palco sem pano ou então só pessoas a tentarem sê-lo os olhos brilham mais do que o normal e até gosta sabe, olhar-se num espelho ainda que pessoas abafadas em lençóis ali tudo a nu num choro sentido não só o de hoje também os de antes e os que hão-de vir que ser cria não é simples ainda para mais esta que da fraca azia só para o final ficou com todos os males de olho aberto, sabe lá em Calcutá parece mais fácil que as crias entretêm e esquecem mas os narcisos são
mártires
flores de espinhos, não queria florear mas em frente ao espelho é tudo tão baço que a transparência não mora aqui ainda que clara tudo turvo porque muitas tal como as crias que alimenta e afinal barriga só uma sabe seja lá como for nenhum choro é seu, espere de culpa entenda-se de culpar que já muitas tão suficientes que gente real não cabe aqui afinal.